Esta semana não temos nada de novo, por isso… tomem lá um gato num saco.
(Nada de trabalho novo para mostrar, nada de exposições, nada de eventos, nada de cinema, mal se viu televisão, os únicos livros que aqui chegaram são sobre bebés. Constipação, mantinhas, ben-u-ron, chá de limão. Como é que se escreve rame-rame? Para a semana será melhor.)
Então faz-se a revista da semana que passou à quarta-feira? — perguntam admirados os milhares de leitores deste blog. Ou talvez só a minha mãe. Ou nem isso. Pois o post da semana nunca está atrasado nem adiantado, chega exactamente quando tem de chegar. Já dizia o Gandalf.
Trabalheira
A terceira semana do ano passou sem incidentes, com muito trabalho em projectos que ainda não se podem divulgar (ou que não vale a pena divulgar, também houve desses). Mas enquanto não falamos de coisas novas, o Pedro actualizou o portfólio com algumas ilustrações novas para a Kobold Press, e já está a trabalhar em mais algumas.
E saiu por fim o podcast Vinhetas referente à ComicCon Pt, onde o Pedro falou do Abelardo e outros projectos. É logo a primeira entrevista, gravada ali mesmo na nossa banca no Artists Alley, e seguem-se as conversas com o Mário Freitas, o Nuno Plati, e o Ricardo Drumond, entre outros.
Mestres das Inks
O destaque do fim de semana foi para uma tertúlia organizada pela Gateway City Comics, na sua loja em Alcântara, com o Daniel Henriques e o Jorge Coelho como convidados.
Ambos a trabalhar para o mercado de comics norte-americano, discutiram tópicos tão variados como o modo de trabalho de cada um, a sua relação com as equipas de editores, artistas e argumentistas, a necessidade (ou ausência dela) de contacto pessoal com os editores, as vantagens e desvantagens do digital versus o tradicional nas artes-finais, a maneira como encaram o lado financeiro do trabalho, nos riscos de recusar trabalho ou de aceitar demasiado, projectos na calha… Foi uma converseta muito interessante, mesmo para uma audiência cheia de amigos, que já conhecem bem o trabalho do Jorge e do Daniel. Eventualmente, o tema acabou por descarrilar um bocadinho para as agruras do estado da banda desenhada nos E.U.A. e em Portugal, mas pela minha experiência, todas as conversas sobre BD, se se prolongarem o suficiente, tendem para esse muro de lamentações.
O espaço da loja é pequeno e acolhedor, perfeito para este tipo de evento informal, em que o diálogo entre a audiência e os convidados se faz com muita naturalidade. Se continuarem com a boa programação, não faltaremos aos próximos eventos.
Robocop
Uma das notícias mais empolgantes da semana foi, justamente, relacionada com o Jorge Coelho, e também tivemos oportunidade de falar nisso no Sábado. A Boom Studios acaba de anunciar que vai trazer de volta o RoboCop, numa mini-série passada 30 anos depois da história do filme inicial, o que faz sentido porque o filme já saiu há 31 anos (sim, estamos todos velhos). Escrita por Brian Wood, Robocop: Citizens Arrest sai em Abril e é desenhada pelo Jorge e parece-nos um match perfeito para o traço dele.
RoboCop: Citizens Arrest #1 Main Cover by Nimit Malavia.
Continuando no tema de artistas portugueses a trabalhar nos comics americanos, saiu uma super-entrevista sobre o Miguel Mendonça, que desenhou recentemente o Batman para a DC.
Depois de muito espicaçar, já foi revelada…. a data do próximo Trojan Horse was a Unicorn. Será de 23 a 29 de Setembro. Quanto ao local escolhido, continua o suspense.
Quando, em 2017, decidimos fugir ao Carnaval e ir a Londres ver a exposição do David Hockney, aproveitámos para dar uma corrida à sala dos Pré-Rafaelitas na Tate Britain. Tínhamos um jantar combinado para dali a pouco, pelo que foi mesmo em sprint, mas deu para nos lembrarmos do quanto apreciamos este movimento e esta época particular da história da arte — na realidade, tudo me fascina na Inglaterra do séc.XIX, não apenas a arte.
Assim sendo, na ressaca da festa de fim de ano, decidimos que iríamos celebrar o meu aniversário com uma viagem (em vez da previsível festarola), e passámos o primeiro dia de 2018 a planear uma escapadela low-cost a Londres com direito a ver os Pré-rafaelitas sem pressa. Esta semana que passou resumiu-se então a trabalhar, trabalhar, trabalhar e contar os dias para apanhar o avião daqui para fora.
Tate Britain
Aterrámos quinta à noite e sexta de manhã já estávamos à porta da Tate Britain, onde se podem encontrar os maiores tesouros desta altura. Pelo que percebemos pela multidão, a nossa sala preferida desta galeria imensa é também a sala preferida de toda a gente. Ainda assim pudemos apreciar calmamente algumas das obras mais icónicas de Millais, Rossetti, Hunt, Burne-Jones, e os já posteriores, mas igualmente maravilhosos, Waterhouse e Singer Sargent.
Ainda aproveitámos para revisitar a ala do Turner, mais um artista rebelde, e passar algum tempo na sala das aguarelas e sketchbooks de viagem: tudo fascinante.
The National Gallery
A segunda paragem na nossa demanda foi na National Gallery, onde estava patente a exposição Reflections. Van Eyck and the Pre-raphaelites sobre a influência que o retrato do Casal Arnolfini (Jan van Eyck, 1434) teve nos Pré-rafaelitas quando foi adquirido e exposto em Londres pela primeira vez. Apesar de alguma pesquisa antes da viagem, não nos tínhamos apercebido desta exposição fabulosa. Foi uma coincidência muito feliz, e acabou por ser a única exposição temporária da viagem.
Victoria and Albert Museum
O último destino da nossa volta aos Pré-rafaelitas era o V&A, onde esperávamos encontrar sketchbooks do Waterhouse e alguns exemplos raros de fotografia Pré-rafaelita. Não os conseguimos descobrir, mas valeu a pena pelos quadros (e alguns esboços preparatórios) de Millais, Rossetti e Burne-Jones, e em particular pela tela Pizarro Seizing the Inca of Peru, ainda com muito pouco de Pré-rafaelita por ter sido pintada por Millais aos 16 anos.
O V&A vale sempre a pena, de qualquer maneira. É uma espécie de museu de museus, surpreendendo-nos a cada sala com temas diferentes. Ora vitrais e trabalho em prata da idade média, ora cartazes e trajes de produções teatrais e maquetes detalhadas de palcos e cenários. Ora gigantes réplicas em gesso de obras de escultura monumentais, ora detalhadíssimos retratos em miniatura. Ora pintura inglesa, ora quimonos, espadas e armaduras de samurais. Ora escultura clássica, ora aguarelas da Beatrix Potter. Isto para não falar de uma exposição temporária do Winnie the Pooh que já estava esgotada ao fim da manhã de Sábado – e pensar que estávamos lá desde cedo e não nos ocorreu ir logo comprar bilhetes!
Compras
Este seria o parágrafo em que vos falaria da quantidade enorme de livros que trouxemos de lá mas, hélas!, não comprámos nem um. Viajar apenas com mala de cabine tem destas coisas, e para quê carregar com o peso se podemos encomendar online? Por isso, voltámos de Londres com uma wishlist comprida, cuidadosamente recolhida dos livros folheados na Foyles, na Forbidden Planet e na óptima livraria da Tate. (Desculpem-nos, queridas livrarias, se os livros fossem mais leves, tínhamos deixado aí todas as nossas libras…) Em particular na Tate Britain, fiquei enamorada destes livros todos.
O que trouxemos então na mala? Chilli flakes e sal fumado do Borough Market e roupa miniatura, devidamente geek, para o pequeno feijão que andou a calcorrear Londres confortavelmente instalado na minha barriga. Novas prioridades…
Também não comprei o espelho convexo que a National Gallery tinha na loja, porque era pequeno e caro e dificilmente chegaria a Lisboa intacto (e depois, os sete anos de azar!). Mas a exposição deixou-me com uma pequena obsessão por espelhos convexos, e tenciono andar à caça de um nos próximos tempos. Feira da Ladra e antiquários, esperem por mim!
Curtinhas
Ok, só uma curta: Saíu no público um artigo sobre “Um tempo que já lá vai”, o livro escrito pela Rosário Alçada Araújo e ilustrado por mim (clicar para ler).
Obrigada por todas as mensagens de aniversário que foram chegando por FaceBook, WhatsApp, sms e telefone. Estou muito contente por já não ter 40 anos. Chamem-me maluca.
Foi um dia passado em trânsito. hoje já é uma segunda-feira normal e temos pela frente uma semana cheia de trabalho e reuniões. Novidades em breve!
2017 passou a correr — não passam todos? — e presenteou-nos com uma mistura de momentos bons e momentos mais… meh. Fiz 40 anos (oh boy!), mas também um webcomic sobre essa tragédia. Fugimos ao Carnaval e fomos a Londres ver a exposição do David Hockney. Saiu uma BD do Pedro na a revista Bang! e publicámos outra no Apocryphus: Crime, mas não passei do sexto dia no Inktober deste ano. Trabalhámos muito mas descansámos um bocadinho na costa alentejana. Não conseguimos ir ao THU deste ano mas estivemos presentes com uma mesa no Artist’s Alleys do Thought Bubble, do Amadora BD e da Comic Con Portugal. Vá lá, não nos podemos queixar, muito, de 2017.
Este 2018 recém-nascido promete muito, e já que estamos numa onda de balanços, seguimos em frente com um best of da primeira semana.
Nova colaboração
Saíu o primeiro artigo do Pedro para o novo blog da Gateway City Comics, CrossOver: Battle Chasers, no que será uma colaboração regular sobre a interligação entre a bd e os outros meios de entretenimento e cultura. O site desta loja de BD em Alcântara quer ser um espaço de divulgação de tudo o que se relaciona com comics, animação e cultura pop em geral, e, apesar de inaugurado há pouco tempo, conta já com bastante conteúdo produzido pela equipa Nuno Plati / João Lemos e colaboradores como Nuno Duarte. A visitar regularmente.
Compras
Depois de meses de espera e teasingsemfimnoinstagram do Ramón Perez, tenho finalmente a Jane nas minhas mãos! Em colaboração com a argumentista Aline Brosh McKenna (Crazy Ex-girlfriend, The Devil Wears Prada), Perez re-imaginou Jane Eyre aos dias de hoje, e, tal como eu antecipava, a novela gráfica está maravilhosa. Sobre o Ramon Perez terei certamente muito mais a dizer mas, para manter isto curtinho, direi apenas que é dos meus artistas preferidos e que falarei dele mais tarde, num artigo à parte.
Arrumações
O início do ano deu-nos também vontade de fazer algumas arrumações nos HQ do Abelardo. O que significa organizar melhor o espaço, arrumar os livros, deitar tralharada fora, e sobretudo, emoldurar e pendurar alguns dos nossos tesouros do ano passado. O Jorge Coelho deu-me uma prancha original do Rocket Racoon pelos anos. Em Londres comprámos um pedaço de storyboard da viagem de Chihiro. Do Thought Bubble, trouxemos um Hellboy original pelo Duncan Fegredo, e ainda um print da Lady Killer assinado pela Joelle Jones. Do Trojan Horse, o Ricardo Cabral trouxe-me um poster assinado pelo Iain McCaig (fomos mimados, o Tiago Tavares trouxe-nos ainda os notebooks com a capa do Alberto Mielgo) e por fim, da Comic Con, vieram desenhos originais do Pepe Laraz e do David Lafuente e prints oferecidos pela Uma Joana e pela Little Black Spot. Mesmo assim, nas nossas paredes caóticas (e nem me digam nada sobre os alinhamentos das molduras, isto é uma montagem e na realidade estão ainda piores) sobram-no alguns espaços para tesouros futuros.
Curtinhas
Aproveitámos o entusiasmo do ano novo e actualizámos o calendário dos Eventos de BD e Ilustração ( Google | iCal ) com as datas de uma série de Comic Cons e Festivais de BD por esse mundo fora. Se souberem de mais eventos interessantes, dêem-nos um toque, por favor.
O THU está à procura de um Controller Financeiro com experiência mínima de 3 anos para fazer parte da sua #THUteam em Lisboa! Mais informações e candidatura aqui.
Começámos a ver a Marvellous Mrs. Maisel, e estamos a adorar. Acordámos hoje a saber que ganhou o Golden Globe para a melhor comédia e a Marvellous Rachel Brosnahan o prémio para melhor actriz em comédia ou musical, e é tão merecido.
Fomos ao cinema e não foi para ver um filme de super-heróis — mas podemos argumentar que o Idris Elba é, na prática, um super-herói, especialmente se estiver a debitar texto do Aaron Sorkin. Não contem comigo para críticas de cinema, mas gostámos muito do Molly’s Game (Jogo de Alta Roda, ugh!). E vamos tentar acumular o máximo de idas ao cinema nos próximos tempos, enquanto não nasce o Artur. Acerca disso…
Feliz 2018
Pelo que conseguimos perceber pelos nossos amigos e conhecidos, a natalidade vai aumentar bastante este ano. Não quisemos deixar de dar o nosso contributo para este baby boom que parece vir aí, e temos o prazer de anunciar que a equipa do Abelardo vai aumentar a partir do final de Maio. É certo que, de início, um bebé é capaz de não nos ajudar muito a manter este projecto activo. A acreditar no que nos dizem, vamos andar exaustos e não ter tempo para grande coisa. Mas de certeza que nos servirá de inspiração.