Quando, em 2017, decidimos fugir ao Carnaval e ir a Londres ver a exposição do David Hockney, aproveitámos para dar uma corrida à sala dos Pré-Rafaelitas na Tate Britain. Tínhamos um jantar combinado para dali a pouco, pelo que foi mesmo em sprint, mas deu para nos lembrarmos do quanto apreciamos este movimento e esta época particular da história da arte — na realidade, tudo me fascina na Inglaterra do séc.XIX, não apenas a arte.
Assim sendo, na ressaca da festa de fim de ano, decidimos que iríamos celebrar o meu aniversário com uma viagem (em vez da previsível festarola), e passámos o primeiro dia de 2018 a planear uma escapadela low-cost a Londres com direito a ver os Pré-rafaelitas sem pressa. Esta semana que passou resumiu-se então a trabalhar, trabalhar, trabalhar e contar os dias para apanhar o avião daqui para fora.
Tate Britain
Aterrámos quinta à noite e sexta de manhã já estávamos à porta da Tate Britain, onde se podem encontrar os maiores tesouros desta altura. Pelo que percebemos pela multidão, a nossa sala preferida desta galeria imensa é também a sala preferida de toda a gente. Ainda assim pudemos apreciar calmamente algumas das obras mais icónicas de Millais, Rossetti, Hunt, Burne-Jones, e os já posteriores, mas igualmente maravilhosos, Waterhouse e Singer Sargent.
Ainda aproveitámos para revisitar a ala do Turner, mais um artista rebelde, e passar algum tempo na sala das aguarelas e sketchbooks de viagem: tudo fascinante.
The National Gallery
A segunda paragem na nossa demanda foi na National Gallery, onde estava patente a exposição Reflections. Van Eyck and the Pre-raphaelites sobre a influência que o retrato do Casal Arnolfini (Jan van Eyck, 1434) teve nos Pré-rafaelitas quando foi adquirido e exposto em Londres pela primeira vez. Apesar de alguma pesquisa antes da viagem, não nos tínhamos apercebido desta exposição fabulosa. Foi uma coincidência muito feliz, e acabou por ser a única exposição temporária da viagem.
Victoria and Albert Museum
O último destino da nossa volta aos Pré-rafaelitas era o V&A, onde esperávamos encontrar sketchbooks do Waterhouse e alguns exemplos raros de fotografia Pré-rafaelita. Não os conseguimos descobrir, mas valeu a pena pelos quadros (e alguns esboços preparatórios) de Millais, Rossetti e Burne-Jones, e em particular pela tela Pizarro Seizing the Inca of Peru, ainda com muito pouco de Pré-rafaelita por ter sido pintada por Millais aos 16 anos.
O V&A vale sempre a pena, de qualquer maneira. É uma espécie de museu de museus, surpreendendo-nos a cada sala com temas diferentes. Ora vitrais e trabalho em prata da idade média, ora cartazes e trajes de produções teatrais e maquetes detalhadas de palcos e cenários. Ora gigantes réplicas em gesso de obras de escultura monumentais, ora detalhadíssimos retratos em miniatura. Ora pintura inglesa, ora quimonos, espadas e armaduras de samurais. Ora escultura clássica, ora aguarelas da Beatrix Potter. Isto para não falar de uma exposição temporária do Winnie the Pooh que já estava esgotada ao fim da manhã de Sábado – e pensar que estávamos lá desde cedo e não nos ocorreu ir logo comprar bilhetes!
Compras
Este seria o parágrafo em que vos falaria da quantidade enorme de livros que trouxemos de lá mas, hélas!, não comprámos nem um. Viajar apenas com mala de cabine tem destas coisas, e para quê carregar com o peso se podemos encomendar online? Por isso, voltámos de Londres com uma wishlist comprida, cuidadosamente recolhida dos livros folheados na Foyles, na Forbidden Planet e na óptima livraria da Tate. (Desculpem-nos, queridas livrarias, se os livros fossem mais leves, tínhamos deixado aí todas as nossas libras…) Em particular na Tate Britain, fiquei enamorada destes livros todos.
O que trouxemos então na mala? Chilli flakes e sal fumado do Borough Market e roupa miniatura, devidamente geek, para o pequeno feijão que andou a calcorrear Londres confortavelmente instalado na minha barriga. Novas prioridades…
Também não comprei o espelho convexo que a National Gallery tinha na loja, porque era pequeno e caro e dificilmente chegaria a Lisboa intacto (e depois, os sete anos de azar!). Mas a exposição deixou-me com uma pequena obsessão por espelhos convexos, e tenciono andar à caça de um nos próximos tempos. Feira da Ladra e antiquários, esperem por mim!
Curtinhas
- Ok, só uma curta: Saíu no público um artigo sobre “Um tempo que já lá vai”, o livro escrito pela Rosário Alçada Araújo e ilustrado por mim (clicar para ler).
Obrigada por todas as mensagens de aniversário que foram chegando por FaceBook, WhatsApp, sms e telefone. Estou muito contente por já não ter 40 anos. Chamem-me maluca.
Foi um dia passado em trânsito. hoje já é uma segunda-feira normal e temos pela frente uma semana cheia de trabalho e reuniões. Novidades em breve!
Boa semana!
– Patrícia
Um comentário a “Esta semana #02”
Gostei da tua escrita*sobrinha*nunca foi a Londres nunca visitei essas exposições mas pela tua narrativa estive lá. Também gostei muito da *sra.grávida *.Embora atrasados os meus parabéns pelo teu aniversário e pela maravilhosa prenda k deste a ti própria e ao Pedro.A família Potier vai continuar.Perdoa estar a tratar por tu ,mas embora não te conheça és minha sobrinha .Felicidades para vocês e para o feijãosinho.