Categorias
Esta Semana

Esta Semana #07 e #08

Duas semanas de uma vez, ou seja… «esta quinzena». A balda da semana passada não foi por falta de assunto, e também não me vou armar em coelhinho da Alice e dizer que foi por falta de tempo, já que a semana teve exactamente a mesma quantidade de horas que as anteriores. Não, não foi por falta, mas sim por excesso. Excesso de emails, e trabalho e deadlines, excesso de consultas, aulas pré-parto e imagens de quartos de bebé no Pinterest. Também excesso de coisas boas, como cinema, noites de jogatana ou café com as amigas para pôr a conversa em dia. Acima de tudo, um excesso de coisas a acontecer nos próximos três meses que deixam a minha cabeça à velocidade de um iPhone4 no qual se instalou o sistema operativo do iPhone10: está muito lenta e fica sem bateria num instante, portanto.

Venham então as novidades.

Dream job

Chega amanhã às livrarias a primeira capa que ilustrei para a colecção infantil da Alice Vieira, a 32ª edição (!) do maravilhoso Rosa, minha irmã Rosa.

Rosa, minha irmã Rosa

Pode dizer-se que é um trabalho de sonho, embora eu saiba bem que a Patrícia de 10 anos, que passava a vida enfiada nos livros da Alice Vieira, não sonhava que a viria a conhecer e ainda menos ser autora das capas dos seus livros. Mas estar refastelada no sofá a um dia de semana, enrolada numa manta com uma caneca de chá, a reler o «Chocolate à Chuva», e poder dizer, com toda a honestidade, que estou a trabalhar… Sei reconhecer a sorte que tenho na vida.

O mercado infanto-juvenil é onde me sinto simultaneamente mais confortável e mais desafiada. Confortável, porque me recuso a aceitar os meus quarenta anos, (perdão, quarenta e um) e continuo a ver-me como uma miúda, com gostos de miúda. Desenhar bonecada é o que gosto realmente de fazer. Desafiada, porque depois de tanta ilustração para esta classe de livros, é difícil não me repetir, tentar manter “o meu estilo” (o que quer que isso queira dizer) e ao mesmo tempo fazer algo diferente do que está para trás. Talvez por isso, e por me sentir esmagada pelo peso da responsabilidade de fazer as capas de livros tão acarinhados por várias gerações, esta foi, de todas as capas que alguma vez fiz, a que me demorou mais. (Felizmente, estou a trabalhar com a editora mais compreensiva e paciente do mundo. Mais uma vez, sei reconhecer a minha sorte, tenho trabalhado com editores fantásticos.)

Por isto tudo, estou muito feliz de a ver impressa, a saltar para as mãos de tantas crianças para as quais esta vai ser “a capa”. E siga para bingo, que ainda tenho mais umas duas dezenas de capas para fazer.

 

Nomeação para os prémios SPA

Por falar em editoras fantásticas e notícias que me deixam feliz… Depois de tantos anos a trabalhar com Rosário Alçada Araújo, editora, ilustrei finalmente um livro da Rosário Alçada Araújo, escritora. Lançámos «Num tempo que já lá vai» em Setembro, e acabam de anunciar que é um dos três nomeados para Melhor Livro Infanto-Juvenil no Prémio Autores 2018, atribuído pela SPA. É a minha primeira nomeação para o que quer que seja, e ainda por cima por um livro com uma história tão bonita e que tanto gostei de ilustrar.

Num tempo que já lá vai

Os outros livros nomeados nesta categoria são «O Museu do Pensamento» de Joana Bértholo, com ilustração de Pedro Semeano e Susana Diniz, da Caminho e «Poemas para as quatro estações» de Manuela Leitão, com ilustração: Catarina Correia Marques, da Máquina de voar. Os prémios serão entregues numa gala a decorrer no dia 20 de Março no Grande Auditório do CCB, e a transmitir em directo pela RTP2. Consultem aqui a lista com todos os nomeados.

Menos é mais

A propósito de prémios, está na altura de correr às salas de cinema para ver os nomeados aos Oscars. Ou então nem por isso, que há filme de super-heróis em cartaz, e por estes lados não se falha um. (À excepção da Liga da Justiça, já que o Pedro se recusa a aceitar aquela versão do Flash.)

O Pantera Negra parecia, à partida, diferente dos restantes filmes de super-heróis: há algo de refrescante na concept art e belíssimo guarda roupa desenhados à volta do afro-futurismo; o elenco, quase todo afro-americano, é magnífico; é bom sentir a força e importância que deram às personagens femininas; tudo isso nos faz pensar que estamos perante algo de verdadeiramente diferente. Ao chegar ao ao fim, no entanto, essa impressão já se diluiu, perdida na enxurrada de efeitos especiais, realização frenética e história previsível que faz com que todos os filmes da Marvel Studios pareçam mais do mesmo.

Para restaurar o equilíbrio, fomos ontem ao CCB ver uma obra prima com cinquenta anos, o Aconteceu no Oeste. Paisagens amplas, planos longos, enquadramentos perfeitos, música genial… foi uma autentica aula de composição e timing. Nada ali é deixado ao acaso. Chegámos ao fim sem saber para onde correram as quase três horas de duração do filme, e com vontade de emoldurar umas quantas frames para as nossas paredes.  Eu sei, é super injusto sequer comparar um filme como o Pantera Negra ao mais reverado de todos os westerns, mas, na altura, o spaghetti western também era tido como uma categoria menor do cinema, e não só não ganhou, como nem sequer foi nomeado para o Oscar de melhor cinematografia. Nem para Oscar nenhum, de onde se percebe que a cerimónia já é pateta há pelo menos cinquenta anos.

Aconteceu no Oeste Aconteceu no Oeste Aconteceu no Oeste Aconteceu no Oeste

Workshop de BD na Gateway

A Gateway City Comics convidou-me para dar dois workshops de BD para a miudagem nas suas instalações em Alcântara. Divididos em dois grupos, dos 6 aos 9 anos e dos 10 aos 12, vamos inventar personagens, imaginar histórias, desenhar muito e acabar as quatro sessões com um pequeníssimo livro de Banda Desenhada.

Vai decorrer no mês de Março, e no momento em que escrevo isto, ainda há algumas vagas para cada uma das turmas. Saibam mais aqui.

Workshop BD

O cavalo de Tróia é um gato Maltês e outras histórias

Depois de muito nos provocar com os seus anúncios de datas de anúncios, lá chegou o dia de saber a nova localização do Trojan Horse was a Unicorn, e a resposta foi, como já era esperado, Valetta, em Malta. Pessoalmente, faz-me pouca diferença, já que, com um bebé de quatro meses, eu sabia que este ano não querer participar. Já foram anunciados alguns nomes de peso, como Joe Madureira e Jorge R. Gutiérrez, e tenho a certeza que vai ser épico, como sempre. Mas deixa-me muito triste ver um evento destes sair de Portugal.

THU 2018 Malta

Ainda na categoria de eventos a que vou ter de faltar este ano, fiquei a saber que o Urban Sketchers Symposium este ano está de regresso a Portugal, e vai ter lugar em Julho, no Porto. Participei na segunda edição deste evento dedicado ao desenho ao ar livre, que aconteceu em Lisboa em 2011, e adorei a experiência. As inscrições já estão abertas, e se eu pudesse estava lá caída, especialmente porque o Porto tem tantos sítios bonitos para se desenhar.

A quinzena foi fértil em anúncios, mas finalmente, a coisa correu bem para o meu lado. A organização da ComicCon PT veio confirmar os rumores de que o evento deste ano se vai realizar cá em baixo, e embora eu tenha gostado da nossa peregrinação anual ao Porto nos últimos anos, confesso em 2018 me vai dar jeito. Como era de esperar, anda aí meio mundo a reclamar, ainda para mais quando o espaço escolhido é o Passeio Marítimo de Algés, ao ar livre, e o modelo vai ter de ser obrigatoriamente adaptado. Eu faço parte do outro meio mundo, o que ficou contente com a notícia, porque não me apetece mexer o traseiro.

CrossOver

Além dos artigos semanais sobre ilustradores de referência aqui no estaminé (esta quinzena, um sobre Mead Schaeffer e outro sobre a A BrandyWine School), o Pedro acaba de publicar um artigo sobre a passagem do Overwatch para BD, na sua rubrica CrossOver no site da Gateway City Comics. Há pessoas aqui no Abelardo que contribuem mais do que outras…

Uma boa semana (ou quinzena, quem sabe) para todos!

– Patrícia

 

Categorias
Esta Semana Exposições

Esta semana #06

Ora bem, o que aconteceu na sexta semana deste belo 2018? (Esta história de andar a contar semanas é mesmo coisa de grávida.) Bom, entre a trabalheira do costume, começámos um curso de preparação para sermos pais, embora esteja convencida que nada nos prepara, e passámos o fim de semana com uma criança de 10 anos, o que também é uma espécie de treino.

Claro que, apesar da idade, a nossa sobrinha Helena não nos prepara para nada de terrivelmente difícil. Ela é bem comportada, responsável, atinada, e ao mesmo tempo engraçada e divertida (e extremamente gozona como o pai). Não dá trabalho nenhum e sair com ela é basicamente o mesmo do que sair com os nossos amigos “adultos”. Vamos precisar de arranjar uns terroristas de verdade se quisermos realmente enfrentar o que pode vir aí.

Vamos ao espaço

Planetário Calouste Gulbenkian

A nossa primeira paragem foi no Planetário Calouste Gulbenkian, onde já não ia há muitos anos, e onde a Helena nunca tinha ido. Na bilheteira, aconselharam-nos o filme “Vamos ao espaço“, mais apropriado para a idade dela, e, se o achámos um bocadinho lento e preguiçoso, especialmente nos grafismos e ilustrações, para ela foi perfeito e saiu de lá com vontade de regressar assim que possível. “Quando for mais velha, vou escrever ao presidente da câmara, não, ao presidente de Portugal, e dizer-lhe que se as aulas fossem todas assim, nós aprendíamos muito mais!”

A programação do Planetário é bastante variada, e também nós ficámos com vontade de voltar em breve, com ou sem criançada, para apanhar uma daquelas sessões em que nos mostram mais do que o céu que conseguimos ver numa noite limpa no meio do Alentejo.

M. C. Escher

Pedro e Helena na perspectiva forçada.

Depois do filme, atravessámos para o outro lado do CCB e demos um pulo ao Museu de Arte Popular, onde está patente, até ao fim de Maio, a exposição Escher Lisboa. A exposição valeu bem a eternidade passada na fila para os bilhetes (que podiam ter sido comprados com antecedência, online…). Sempre fui fascinada pela magia das gravuras de M. C. Escher, imagens onde nos podemos perder por longos momentos a descobrir todos os detalhes,  tentar fazer sentido dos mundos impossíveis e apreciar o rigor e minúcia com que tudo foi construído.

A exposição, muito completa, atravessa todos os períodos da sua carreira. As gravuras iniciais, ainda longe das ilusões de óptica, dão a perceber o seu imaginário, precisão técnica, paciência infinita e amor ao pormenor. As explorações da percepção visual e dos conceitos matemáticos de infinito e de divisão do espaço são mind-blowing (Help! Alguém me arranja uma tradução melhor do que “explodem a nossa mente”?) e distinguem-no de todos os outros artistas. A recta final da exposição mostra como influenciou o cinema, a televisão, e inúmeros outros artistas.

A parte mais interactiva da exposição torna-a muito apelativa aos mais pequenos, embora me pareça que a Helena a teria apreciado de igual modo sem todas as brincadeiras. Também a tornou quase impossível de apreciar num sábado à tarde, tal era a confusão. Não a percam, mas sejam mais sensatos do que nós e vão durante a semana.

Curtinhas

Resta-me desejar-vos uma feliz semana de Carnaval e dia de S. Valentim, ou como eu lhe chamo, semana de ficar quieta em casa (que ainda tenho pelo menos um ano até dar nisto).

-Patrícia

Categorias
Esta Semana Ilustração Livros TV / Cinema

Esta semana #05

E, sem saber como, já é segunda-feira* outra vez. E o que aprendemos esta semana? Aprendemos que não é boa ideia gabarmo-nos publicamente de dormir tão, tão bem, sob pena de automaticamente passarmos uma noite em claro e começarmos a segunda-feira a desejar que ainda fosse sábado. Oh, quem é que eu estou a enganar? Desejo sempre isso, tenha dormido bem ou mal.

Continuamos imersos em a) novidades e projectos super espectaculares que ainda não podemos partilhar; b) trabalho banal e burocrático que não vos interessa para nada. Ainda assim, consegui reunir algumas coisinhas para partilhar, evitando outro post com gatos.

No shit, Sherlock!

O Ricardo Venâncio trouxe-me finalmente o desenho que lhe tinha encomendado há uns tempos, um Sherlock Holmes versão Alan Rickman, para a minha colecção de Sherlocks. (Uma colecção de um. Por enquanto!)

Sherlock Holmes , Ricardo Venâncio

“Então mas o Alan Rickman interpretou o Sherlock Holmes?”, perguntam vocês, sem se conseguirem lembrar desse filme. É uma referência obscura, mas é verdade, porque não foi em filme. Foi no teatro, mas infelizmente não tive o prazer de assistir porque… ainda não era nascida. Foi uma excelente surpresa, porque o Venâncio sabe o quanto eu gostava do actor, que me partiu o coração ao deixar este mundo exactamente no dia dos meus anos, em 2016.

Aproveito aqui para vos convidar a visitar a página do Ricardo Venâncio no BeHance, acabadinha de inaugurar. E desejem-lhe um feliz aniversário, que faz hoje 40 anos (criança!).**

Quanto ao Sherlock, enquanto espero para engordar a minha colecção de originais, deixo aqui o link para os 24 finalistas do concurso de ilustração da The Folio Society e da House of Illustration.

Os livros do Artur

Quando chegar ao mundo, o Artur vai herdar uma boa quantidade de livros infantis, que tenho vindo a coleccionar muito antes de saber que ia ter filhos com quem os partilhar. Here we are, do meu autor favorito, Oliver Jeffers, é o primeiro que compramos especificamente para ele. Foi escrito para apresentar o planeta ao seu primeiro filho Harland, e vai servir de guia ao Artur também. E é uma delícia.

Here we are, Oliver Jeffers

Here we are, Oliver Jeffers Here we are, Oliver Jeffers

Fantastic beasts and where to find them

A descoberta da semana, no meio de um zapping, foi uma pequena reportagem na SIC Notícias que me deixou fascinada: um casal belga trouxe para o Fundão uma raça de porcos proveniente da Hungria, o porco Mangalica. E o que tem este porquinho de especial? Tem muita gordura, gosta de cenouras, é muito resistente ao stress e, acima de tudo, ao frio. Porquê? Porque é peludo, parece uma ovelhinha em forma de porco. É só isto.

Porco Mangalica

Senti-me obrigada a fazer uma ilustração do bichinho, o que levou a atrasar o jantar e cancelar os planos de ir ao cinema. Mas se querem ver com os vossos próprios olhos, podem googlar o Porco Mangalica que não se vão arrepender.

I have a bad feeling about this…

Ontem foi noite de Super Bowl, lá pelas Américas, e como sempre, aproveitaram o intervalo com mais audiências televisivas do ano inteiro para passar trailers dos filmes e séries mais aguardados.

Ficámos assim a saber que o SOLO: A Star Wars Story irá estrear a 25 de Maio, o que fará dele provavelmente o último filme que iremos ver antes do Artur nascer. Ou, se ele for apressadinho, o primeiro que não iremos ver por causa dele. (Acho que pirataria devia ser legalizada para pais de recém nascidos. Só uma ideia…)

Não sei bem o que pensar do actor principal (não pode ser fácil encarnar o Harrison Ford…) mas… Olha o Danny Glover! Olha a Emilia Clarke! Olha a Thandie Newton! Estou em pulgas.

E por falar em Emilia Clarke e Thandie Newton, já que não temos direito a Daenerys este ano, regressa o Westworld, que também entrou nesta moda de nos fazer esperar mais de um ano pela nova temporada. E que também teve direito a Super Bowl Ad.

https://youtu.be/qUmfriZoMw0

Enquanto Abril não chega, sempre nos vamos entretendo com o festival de concept art que é o Altered Carbon. Não vou fazer uma crítica à série porque tenho passado a maior parte dos episódios a dormitar. Os milhares de dólares em efeitos especiais que tenho desperdiçado! Tenho de me resignar à minha condição de grávida sonolenta, mas se fosse tão bom como a Marvelous Mrs. Maisel, talvez conseguisse resistir melhor ao João Pestana.

Curtinhas

  • Inaugura na quinta-feira, dia 9, na Lourinhã, o DinoParque, o maior museu ao ar livre de Portugal. Também reabriu o Museu da Lourinhã, remodelado e com novas colecções, depois de terem transferido os fósseis de dinossauros para o parque. Tínhamos ideia de fazer uma visita, mas numa semana de planos adiados, acabámos por passar a tarde de Domingo a ver as ondas da Praia da Areia Branca.
  • Inaugurou também, no domingo, a nova temporada do CinePop, mesmo aqui ao lado no Fórum Roma. Começaram com Exterminador Implacável, vale a pena dar uma vista de olhos pelo programa.

Boa semana!

– Patrícia

 

*Sim, já é terça. Ontem não consegui acabar o artigo antes de cair para o lado de sono.
**Fazia. Ontem dia 5 de Fevereiro. Também não lhe dei os parabéns. O dia correu mesmo bem.

Categorias
Esta Semana

Esta semana #04

Esta semana não temos nada de novo, por isso… tomem lá um gato num saco.

(Nada de trabalho novo para mostrar, nada de exposições, nada de eventos, nada de cinema, mal se viu televisão, os únicos livros que aqui chegaram são sobre bebés. Constipação, mantinhas, ben-u-ron, chá de limão. Como é que se escreve rame-rame? Para a semana será melhor.)

Boa semana!

–  Patrícia

Categorias
BD Esta Semana Ilustração

Esta semana #03

Então faz-se a revista da semana que passou à quarta-feira? — perguntam admirados os milhares de leitores deste blog. Ou talvez só a minha mãe. Ou nem isso. Pois o post da semana nunca está atrasado nem adiantado, chega exactamente quando tem de chegar. Já dizia o Gandalf.

Trabalheira

A terceira semana do ano passou sem incidentes, com muito trabalho em projectos que ainda não se podem divulgar (ou que não vale a pena divulgar, também houve desses). Mas enquanto não falamos de coisas novas, o Pedro actualizou o portfólio com algumas ilustrações novas para a Kobold Press, e já está a trabalhar em mais algumas.

Izachar - Kobold Press

E saiu por fim o podcast Vinhetas referente à ComicCon Pt, onde o Pedro falou do Abelardo e outros projectos. É logo a primeira entrevista, gravada ali mesmo na nossa banca no Artists Alley, e seguem-se as conversas com o Mário Freitas, o Nuno Plati, e o Ricardo Drumond, entre outros.

Mestres das Inks

O destaque do fim de semana foi para uma tertúlia organizada pela Gateway City Comics, na sua loja em Alcântara, com o Daniel Henriques e o Jorge Coelho como convidados.

Jorge Coelho e Daniel Henriques

Ambos a trabalhar para o mercado de comics norte-americano, discutiram tópicos tão variados como o modo de trabalho de cada um, a sua relação com as equipas de editores, artistas e argumentistas, a necessidade (ou ausência dela) de contacto pessoal com os editores, as vantagens e desvantagens do digital versus o tradicional nas artes-finais, a maneira como encaram o lado financeiro do trabalho, nos riscos de recusar trabalho ou de aceitar demasiado, projectos na calha… Foi uma converseta muito interessante, mesmo para uma audiência cheia de amigos, que já conhecem bem o trabalho do Jorge e do Daniel. Eventualmente, o tema acabou por descarrilar um bocadinho para as agruras do estado da banda desenhada nos E.U.A. e em Portugal, mas pela minha experiência, todas as conversas sobre BD, se se prolongarem o suficiente, tendem para esse muro de lamentações.

O espaço da loja é pequeno e acolhedor, perfeito para este tipo de evento informal, em que o diálogo entre a audiência e os convidados se faz com muita naturalidade. Se continuarem com a boa programação, não faltaremos aos próximos eventos.

Robocop

Uma das notícias mais empolgantes da semana foi, justamente, relacionada com o Jorge Coelho, e também tivemos oportunidade de falar nisso no Sábado. A Boom Studios acaba de anunciar que vai trazer de volta o RoboCop, numa mini-série passada 30 anos depois da história do filme inicial, o que faz sentido porque o filme já saiu há 31 anos (sim, estamos todos velhos). Escrita por Brian Wood, Robocop: Citizens Arrest sai em Abril e é desenhada pelo Jorge e parece-nos um match perfeito para o traço dele.

RoboCop: Citizens Arrest
RoboCop: Citizens Arrest #1 Main Cover by Nimit Malavia.

Ainda só pudemos ver a capa e um par de variantes (e ler uma pequena entrevista com os autores), mas estamos em pulgas para ver algumas imagens do trabalho do Jorge. É estar de olho no Twitter.

Curtinhas
  • Continuando no tema de artistas portugueses a trabalhar nos comics americanos, saiu uma super-entrevista sobre o Miguel Mendonça, que desenhou recentemente o Batman para a DC.
  • Depois de muito espicaçar, já foi revelada…. a data do próximo Trojan Horse was a Unicorn. Será de 23 a 29 de Setembro. Quanto ao local escolhido, continua o suspense.
  • A Boulder Media vai passar por Lisboa para uma sessão de conversa e recrutamento. É já dia 28 de Fevereiro, mais informações no facebook da Boulder Media.
  • O Bruno Caetano anunciou que está a trabalhar na sua primeira curta-metragem em stop-motion e também está a recrutar.

Bom resto de semana!

– Patrícia

Categorias
Arte Esta Semana Exposições Livros

Esta semana #02

Quando, em 2017, decidimos fugir ao Carnaval e ir a Londres ver a exposição do David Hockney, aproveitámos para dar uma corrida à sala dos Pré-Rafaelitas na Tate Britain. Tínhamos um jantar combinado para dali a pouco, pelo que foi mesmo em sprint, mas deu para nos lembrarmos do quanto apreciamos este movimento e esta época particular da história da arte — na realidade, tudo me fascina na Inglaterra do séc.XIX, não apenas a arte.

Assim sendo, na ressaca da festa de fim de ano, decidimos que iríamos celebrar o meu aniversário com uma viagem (em vez da previsível festarola), e passámos o primeiro dia de 2018 a planear uma escapadela low-cost a Londres com direito a ver os Pré-rafaelitas sem pressa. Esta semana que passou resumiu-se então a trabalhar, trabalhar, trabalhar e contar os dias para apanhar o avião daqui para fora.

Tate Britain

Aterrámos quinta à noite e sexta de manhã já estávamos à porta da Tate Britain, onde se podem encontrar os maiores tesouros desta altura. Pelo que percebemos pela multidão, a nossa sala preferida desta galeria imensa é também a sala preferida de toda a gente. Ainda assim pudemos apreciar calmamente algumas das obras mais icónicas de Millais, Rossetti, Hunt, Burne-Jones, e os já posteriores, mas igualmente maravilhosos, Waterhouse e Singer Sargent.

Tate Britain

Ainda aproveitámos para revisitar a ala do Turner, mais um artista rebelde, e passar algum tempo na sala das aguarelas e sketchbooks de viagem: tudo fascinante.

Turner Sketchbook

The National Gallery

A segunda paragem na nossa demanda foi na National Gallery, onde estava patente a exposição Reflections. Van Eyck and the Pre-raphaelites sobre a influência que o retrato do Casal Arnolfini (Jan van Eyck, 1434) teve nos Pré-rafaelitas quando foi adquirido e exposto em Londres pela primeira vez. Apesar de alguma pesquisa antes da viagem, não nos tínhamos apercebido desta exposição fabulosa. Foi uma coincidência muito feliz, e acabou por ser a única exposição temporária da viagem.

Victoria and Albert Museum

O último destino da nossa volta aos Pré-rafaelitas era o V&A, onde esperávamos encontrar sketchbooks do Waterhouse e alguns exemplos raros de fotografia Pré-rafaelita. Não os conseguimos descobrir, mas valeu a pena pelos quadros (e alguns esboços preparatórios) de Millais, Rossetti e Burne-Jones, e em particular pela tela Pizarro Seizing the Inca of Peruainda com muito pouco de Pré-rafaelita por ter sido pintada por Millais aos 16 anos.

O V&A vale sempre a pena, de qualquer maneira. É uma espécie de museu de museus, surpreendendo-nos a cada sala com temas diferentes. Ora vitrais e trabalho em prata da idade média, ora cartazes e trajes de produções teatrais e maquetes detalhadas de palcos e cenários. Ora gigantes réplicas em gesso de obras de escultura monumentais, ora detalhadíssimos retratos em miniatura. Ora pintura inglesa, ora quimonos, espadas e armaduras de samurais. Ora escultura clássica, ora aguarelas da Beatrix Potter. Isto para não falar de uma exposição temporária do Winnie the Pooh que já estava esgotada ao fim da manhã de Sábado – e pensar que estávamos lá desde cedo e não nos ocorreu ir logo comprar bilhetes!

Compras

Este seria o parágrafo em que vos falaria da quantidade enorme de livros que trouxemos de lá mas, hélas!, não comprámos nem um. Viajar apenas com mala de cabine tem destas coisas, e para quê carregar com o peso se podemos encomendar online? Por isso, voltámos de Londres com uma wishlist comprida, cuidadosamente recolhida dos livros folheados na Foyles, na Forbidden Planet e na óptima livraria da Tate. (Desculpem-nos, queridas livrarias, se os livros fossem mais leves, tínhamos deixado aí todas as nossas libras…) Em particular na Tate Britain, fiquei enamorada destes livros todos.

Livraria da Tate Britain

O que trouxemos então na mala? Chilli flakes e sal fumado do Borough Market e roupa miniatura, devidamente geek, para o pequeno feijão que andou a calcorrear Londres confortavelmente instalado na minha barriga. Novas prioridades…

Também não comprei o espelho convexo que a National Gallery tinha na loja, porque era pequeno e caro e dificilmente chegaria a Lisboa intacto (e depois, os sete anos de azar!). Mas a exposição deixou-me com uma pequena obsessão por espelhos convexos, e tenciono andar à caça de um nos próximos tempos. Feira da Ladra e antiquários, esperem por mim!

Curtinhas
  • Ok, só uma curta: Saíu no público um artigo sobre “Um tempo que já lá vai”, o livro escrito pela Rosário Alçada Araújo e ilustrado por mim (clicar para ler).
    Num Tempo Que Já Lá Vai

 

Obrigada por todas as mensagens de aniversário que foram chegando por FaceBook, WhatsApp, sms e telefone. Estou muito contente por já não ter 40 anos. Chamem-me maluca.

Foi um dia passado em trânsito. hoje já é uma segunda-feira normal e temos pela frente uma semana cheia de trabalho e reuniões. Novidades em breve!

Janela do Avião

Boa semana!

– Patrícia

Categorias
BD Esta Semana Festivais TV / Cinema

Esta semana #01

2017 passou a correr — não passam todos? — e presenteou-nos com uma mistura de momentos bons e momentos mais… meh. Fiz 40 anos (oh boy!), mas também um webcomic sobre essa tragédia. Fugimos ao Carnaval e fomos a Londres ver a exposição do David Hockney. Saiu uma BD do Pedro na a revista Bang! e publicámos outra no Apocryphus: Crime, mas não passei do sexto dia no Inktober deste ano. Trabalhámos muito mas descansámos um bocadinho na costa alentejana. Não conseguimos ir ao THU deste ano mas estivemos presentes com uma mesa no Artist’s Alleys do Thought Bubble, do Amadora BD e da Comic Con Portugal. Vá lá, não nos podemos queixar, muito, de 2017.

Este 2018 recém-nascido promete muito, e já que estamos numa onda de balanços, seguimos em frente com um best of da primeira semana.

Nova colaboração

Saíu o primeiro artigo do Pedro para o novo blog da Gateway City Comics, CrossOver: Battle Chasers, no que será uma colaboração regular sobre a interligação entre a bd e os outros meios de entretenimento e cultura. O site desta loja de BD em Alcântara quer ser um espaço de divulgação de tudo o que se relaciona com comics, animação e cultura pop em geral, e, apesar de inaugurado há pouco tempo, conta já com bastante conteúdo produzido pela equipa Nuno Plati / João Lemos e colaboradores como Nuno Duarte. A visitar regularmente.

Gateway City Comics

Compras

Depois de meses de espera e teasing sem fim no instagram do Ramón Perez, tenho finalmente a Jane nas minhas mãos! Em colaboração com a argumentista Aline Brosh McKenna (Crazy Ex-girlfriend,  The Devil Wears Prada), Perez re-imaginou Jane Eyre aos dias de hoje, e, tal como eu antecipava, a novela gráfica está maravilhosa. Sobre o Ramon Perez terei certamente muito mais a dizer mas, para manter isto curtinho, direi apenas que é dos meus artistas preferidos e que falarei dele mais tarde, num artigo à parte.

Jane

Arrumações

O início do ano deu-nos também vontade de fazer algumas arrumações nos HQ do Abelardo. O que significa organizar melhor o espaço, arrumar os livros, deitar tralharada fora, e sobretudo, emoldurar e pendurar alguns dos nossos tesouros do ano passado. O Jorge Coelho deu-me uma prancha original do Rocket Racoon pelos anos. Em Londres comprámos um pedaço de storyboard da viagem de Chihiro. Do Thought Bubble, trouxemos um Hellboy original pelo Duncan Fegredo,  e ainda um print da Lady Killer assinado pela Joelle Jones. Do Trojan Horse, o Ricardo Cabral trouxe-me um poster assinado pelo Iain McCaig (fomos mimados, o Tiago Tavares trouxe-nos ainda os notebooks com a capa do Alberto Mielgo) e por fim, da Comic Con, vieram desenhos originais do Pepe Laraz e do David Lafuente e prints oferecidos pela Uma Joana e pela Little Black Spot. Mesmo assim, nas nossas paredes caóticas (e nem me digam nada sobre os alinhamentos das molduras, isto é uma montagem e na realidade estão ainda piores) sobram-no alguns espaços para tesouros futuros.

Parede do atelier

Curtinhas
  • Aproveitámos o entusiasmo do ano novo e actualizámos o calendário dos Eventos de BD e Ilustração ( Google | iCal ) com as datas de uma série de Comic Cons e Festivais de BD por esse mundo fora. Se souberem de mais eventos interessantes, dêem-nos um toque, por favor.
  • O THU está à procura de um Controller Financeiro com experiência mínima de 3 anos para fazer parte da sua #THUteam em Lisboa! Mais informações e candidatura aqui.
  • Começámos a ver a Marvellous Mrs. Maisel, e estamos a adorar. Acordámos hoje a saber que ganhou o Golden Globe para a melhor comédia e a Marvellous Rachel Brosnahan o prémio para melhor actriz em comédia ou musical, e é tão merecido.
  • Fomos ao cinema e não foi para ver um filme de super-heróis — mas podemos argumentar que o Idris Elba é, na prática, um super-herói, especialmente se estiver a debitar texto do Aaron Sorkin. Não contem comigo para críticas de cinema, mas gostámos muito do Molly’s Game (Jogo de Alta Roda, ugh!). E vamos tentar acumular o máximo de idas ao cinema nos próximos tempos, enquanto não nasce o Artur. Acerca disso…
Feliz 2018

Pelo que conseguimos perceber pelos nossos amigos e conhecidos, a natalidade vai aumentar bastante este ano. Não quisemos deixar de dar o nosso contributo para este baby boom que parece vir aí, e temos o prazer de anunciar que a equipa do Abelardo vai aumentar a partir do final de Maio. É certo que, de início, um bebé é capaz de não nos ajudar muito a manter este projecto activo. A acreditar no que nos dizem, vamos andar exaustos e não ter tempo para grande coisa. Mas de certeza que nos servirá de inspiração.

Feliz 2018

Boa semana!

– Patrícia