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Esta Semana Exposições

Esta semana #06

Ora bem, o que aconteceu na sexta semana deste belo 2018? (Esta história de andar a contar semanas é mesmo coisa de grávida.) Bom, entre a trabalheira do costume, começámos um curso de preparação para sermos pais, embora esteja convencida que nada nos prepara, e passámos o fim de semana com uma criança de 10 anos, o que também é uma espécie de treino.

Claro que, apesar da idade, a nossa sobrinha Helena não nos prepara para nada de terrivelmente difícil. Ela é bem comportada, responsável, atinada, e ao mesmo tempo engraçada e divertida (e extremamente gozona como o pai). Não dá trabalho nenhum e sair com ela é basicamente o mesmo do que sair com os nossos amigos “adultos”. Vamos precisar de arranjar uns terroristas de verdade se quisermos realmente enfrentar o que pode vir aí.

Vamos ao espaço

Planetário Calouste Gulbenkian

A nossa primeira paragem foi no Planetário Calouste Gulbenkian, onde já não ia há muitos anos, e onde a Helena nunca tinha ido. Na bilheteira, aconselharam-nos o filme “Vamos ao espaço“, mais apropriado para a idade dela, e, se o achámos um bocadinho lento e preguiçoso, especialmente nos grafismos e ilustrações, para ela foi perfeito e saiu de lá com vontade de regressar assim que possível. “Quando for mais velha, vou escrever ao presidente da câmara, não, ao presidente de Portugal, e dizer-lhe que se as aulas fossem todas assim, nós aprendíamos muito mais!”

A programação do Planetário é bastante variada, e também nós ficámos com vontade de voltar em breve, com ou sem criançada, para apanhar uma daquelas sessões em que nos mostram mais do que o céu que conseguimos ver numa noite limpa no meio do Alentejo.

M. C. Escher

Pedro e Helena na perspectiva forçada.

Depois do filme, atravessámos para o outro lado do CCB e demos um pulo ao Museu de Arte Popular, onde está patente, até ao fim de Maio, a exposição Escher Lisboa. A exposição valeu bem a eternidade passada na fila para os bilhetes (que podiam ter sido comprados com antecedência, online…). Sempre fui fascinada pela magia das gravuras de M. C. Escher, imagens onde nos podemos perder por longos momentos a descobrir todos os detalhes,  tentar fazer sentido dos mundos impossíveis e apreciar o rigor e minúcia com que tudo foi construído.

A exposição, muito completa, atravessa todos os períodos da sua carreira. As gravuras iniciais, ainda longe das ilusões de óptica, dão a perceber o seu imaginário, precisão técnica, paciência infinita e amor ao pormenor. As explorações da percepção visual e dos conceitos matemáticos de infinito e de divisão do espaço são mind-blowing (Help! Alguém me arranja uma tradução melhor do que “explodem a nossa mente”?) e distinguem-no de todos os outros artistas. A recta final da exposição mostra como influenciou o cinema, a televisão, e inúmeros outros artistas.

A parte mais interactiva da exposição torna-a muito apelativa aos mais pequenos, embora me pareça que a Helena a teria apreciado de igual modo sem todas as brincadeiras. Também a tornou quase impossível de apreciar num sábado à tarde, tal era a confusão. Não a percam, mas sejam mais sensatos do que nós e vão durante a semana.

Curtinhas

Resta-me desejar-vos uma feliz semana de Carnaval e dia de S. Valentim, ou como eu lhe chamo, semana de ficar quieta em casa (que ainda tenho pelo menos um ano até dar nisto).

-Patrícia

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Arte Esta Semana Exposições Livros

Esta semana #02

Quando, em 2017, decidimos fugir ao Carnaval e ir a Londres ver a exposição do David Hockney, aproveitámos para dar uma corrida à sala dos Pré-Rafaelitas na Tate Britain. Tínhamos um jantar combinado para dali a pouco, pelo que foi mesmo em sprint, mas deu para nos lembrarmos do quanto apreciamos este movimento e esta época particular da história da arte — na realidade, tudo me fascina na Inglaterra do séc.XIX, não apenas a arte.

Assim sendo, na ressaca da festa de fim de ano, decidimos que iríamos celebrar o meu aniversário com uma viagem (em vez da previsível festarola), e passámos o primeiro dia de 2018 a planear uma escapadela low-cost a Londres com direito a ver os Pré-rafaelitas sem pressa. Esta semana que passou resumiu-se então a trabalhar, trabalhar, trabalhar e contar os dias para apanhar o avião daqui para fora.

Tate Britain

Aterrámos quinta à noite e sexta de manhã já estávamos à porta da Tate Britain, onde se podem encontrar os maiores tesouros desta altura. Pelo que percebemos pela multidão, a nossa sala preferida desta galeria imensa é também a sala preferida de toda a gente. Ainda assim pudemos apreciar calmamente algumas das obras mais icónicas de Millais, Rossetti, Hunt, Burne-Jones, e os já posteriores, mas igualmente maravilhosos, Waterhouse e Singer Sargent.

Tate Britain

Ainda aproveitámos para revisitar a ala do Turner, mais um artista rebelde, e passar algum tempo na sala das aguarelas e sketchbooks de viagem: tudo fascinante.

Turner Sketchbook

The National Gallery

A segunda paragem na nossa demanda foi na National Gallery, onde estava patente a exposição Reflections. Van Eyck and the Pre-raphaelites sobre a influência que o retrato do Casal Arnolfini (Jan van Eyck, 1434) teve nos Pré-rafaelitas quando foi adquirido e exposto em Londres pela primeira vez. Apesar de alguma pesquisa antes da viagem, não nos tínhamos apercebido desta exposição fabulosa. Foi uma coincidência muito feliz, e acabou por ser a única exposição temporária da viagem.

Victoria and Albert Museum

O último destino da nossa volta aos Pré-rafaelitas era o V&A, onde esperávamos encontrar sketchbooks do Waterhouse e alguns exemplos raros de fotografia Pré-rafaelita. Não os conseguimos descobrir, mas valeu a pena pelos quadros (e alguns esboços preparatórios) de Millais, Rossetti e Burne-Jones, e em particular pela tela Pizarro Seizing the Inca of Peruainda com muito pouco de Pré-rafaelita por ter sido pintada por Millais aos 16 anos.

O V&A vale sempre a pena, de qualquer maneira. É uma espécie de museu de museus, surpreendendo-nos a cada sala com temas diferentes. Ora vitrais e trabalho em prata da idade média, ora cartazes e trajes de produções teatrais e maquetes detalhadas de palcos e cenários. Ora gigantes réplicas em gesso de obras de escultura monumentais, ora detalhadíssimos retratos em miniatura. Ora pintura inglesa, ora quimonos, espadas e armaduras de samurais. Ora escultura clássica, ora aguarelas da Beatrix Potter. Isto para não falar de uma exposição temporária do Winnie the Pooh que já estava esgotada ao fim da manhã de Sábado – e pensar que estávamos lá desde cedo e não nos ocorreu ir logo comprar bilhetes!

Compras

Este seria o parágrafo em que vos falaria da quantidade enorme de livros que trouxemos de lá mas, hélas!, não comprámos nem um. Viajar apenas com mala de cabine tem destas coisas, e para quê carregar com o peso se podemos encomendar online? Por isso, voltámos de Londres com uma wishlist comprida, cuidadosamente recolhida dos livros folheados na Foyles, na Forbidden Planet e na óptima livraria da Tate. (Desculpem-nos, queridas livrarias, se os livros fossem mais leves, tínhamos deixado aí todas as nossas libras…) Em particular na Tate Britain, fiquei enamorada destes livros todos.

Livraria da Tate Britain

O que trouxemos então na mala? Chilli flakes e sal fumado do Borough Market e roupa miniatura, devidamente geek, para o pequeno feijão que andou a calcorrear Londres confortavelmente instalado na minha barriga. Novas prioridades…

Também não comprei o espelho convexo que a National Gallery tinha na loja, porque era pequeno e caro e dificilmente chegaria a Lisboa intacto (e depois, os sete anos de azar!). Mas a exposição deixou-me com uma pequena obsessão por espelhos convexos, e tenciono andar à caça de um nos próximos tempos. Feira da Ladra e antiquários, esperem por mim!

Curtinhas
  • Ok, só uma curta: Saíu no público um artigo sobre “Um tempo que já lá vai”, o livro escrito pela Rosário Alçada Araújo e ilustrado por mim (clicar para ler).
    Num Tempo Que Já Lá Vai

 

Obrigada por todas as mensagens de aniversário que foram chegando por FaceBook, WhatsApp, sms e telefone. Estou muito contente por já não ter 40 anos. Chamem-me maluca.

Foi um dia passado em trânsito. hoje já é uma segunda-feira normal e temos pela frente uma semana cheia de trabalho e reuniões. Novidades em breve!

Janela do Avião

Boa semana!

– Patrícia

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BD Exposições Festivais

Portugueses no Mundo

“Traços e Inspiração. A presença portuguesa no mercado norte-americano de BD” é uma das várias exposições patentes no 28º Amadora BD, dedicada aos artistas portugueses com obras publicadas no mercado norte americano dos comics nos últimos anos.

A exposição, comissariada por Bruno Caetano, conta com trabalhos de mais de 20 artistas portugueses, como Jorge Coelho, Daniel Henriques, Miguel Mendonça e Filipe Andrade, artistas já com obra consolidada no mercado dos comics, mas destaca também autores emergentes como Carlos Pedro, Zé Burnay e Ricardo Drummond.

Além de destacar o trabalho dos artistas, a exposição visa mostrar um pouco do processo de desenvolvimento das páginas, explorando as várias fases, desde a análise do guião, passando pelo esboço, desenho e arte final, até culminar nas páginas finais coloridas.

Em complemento à exposição, foram feitas entrevistas a alguns dos artistas presentes, de forma a desvendar um pouco mais sobre o processo criativo de cada um, assim como os seus percursos.

– Pedro

Mais informações sobre o certame em AmadoraBD e Facebook/AmadoraBD